Para o Espiritismo, a existência de um princípio espiritual ligado ao corpo desde o momento da concepção não é mero artigo de fé. Relatos de pessoas em estado de hipnose ou em lembranças espontâneas, mesmo de crianças, que retratam passagens de outras vidas e da época em que o ser ainda se encontrava no ventre materno, revelam uma consciência preexistente ao corpo. Essas evidências (…) confirmam a posição da Doutrina Espírita em O Livro dos Espíritos (questão 344):
“Em que momento a alma se une ao corpo?”
A união começa no momento da concepção, mas só é completa por ocasião do nascimento. Desde o instante da concepção, o Espírito designado para habitar certo corpo a este se liga por um laço fluídico, que cada vez mais se vai apertando até o instante em que a criança vê a luz (…)”
Reconhece-se, desse modo, que o nascituro já é uma pessoa, sujeito de direitos.
No caso de risco de vida da mãe – único aborto aceito pela Doutrina Espírita – existem duas vidas em confronto e é necessário escolher entre o direito de dois sujeitos. Assim reza o Livro dos Espíritos, questão 359:
“Dado o caso que o nascimento da criança pusesse em perigo a vida da mãe dela, haverá crime em sacrificar-se a primeira para salvar a segunda?
Preferível é se sacrifique o ser que ainda não existe a sacrificar-se o que já existe.”
Enquanto nós, os homens, cidadãos e governantes, não aprendermos a demonstrar amor sincero e acolhimento digno aos seres que, de forma inocente e pura, buscam integrar o quadro social da Humanidade, construindo, com este gesto de amor, desde o início, as bases de um relacionamento realmente fraternal, não há como se pretender a criação de um ambiente de paz e solidariedade tão ansiosamente esperado em nosso mundo.
Do livro: O que dizem os Espíritos sobre o Aborto- FEB